Drones e informatização darão nova cara ao Porto de Santos

Por Settaport em 26/06/2017

Implantar um centro de desenvolvimento de sistemas na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e reduzir – ou até mesmo zerar – a utilização de papel na Autoridade Portuária são objetivos do novo diretor de Operações Logísticas da empresa, Carlos Henrique de Oliveira Poço. O executivo ainda pretende implantar, neste ano, o monitoramento de áreas portuárias através de drones.

 

Poço assumiu a diretoria de Operações Logísticas no último mês. Antes disso, o executivo ocupava o cargo de superintendente de Tecnologia da Informação (TI), desde agosto do ano passado. Por este motivo, sua gestão será baseada na informatização de processos do Porto de Santos. 

 

“Na minha gestão, esse é um negócio que eu tenho tentado implementar: treinar os nossos funcionários para termos um desenvolvimento interno e que não fiquemos dependendo o tempo todo de contratar uma empresa para desenvolver os sistemas. A gente tem uma fábrica de software pra desenvolver os sistemas lá dentro”, destacou o diretor da Codesp. 

 

Hoje, 44 pessoas atuam na área de TI na Codesp, entre gerentes, programadores, suporte técnico. Para Poço, o ideal é que a equipe fosse formada por entre 60 e 70 pessoas. Assim, seria possível o desenvolvimento de sistemas e o fim de dependência de contratações externas. 

 

Segundo o executivo, este é o grande entrave para a utilização de tecnologia no Porto de Santos. Mesmo assim, Poço considera a Autoridade Portuária como o local de onde saem as grandes ideias do setor. Como exemplo, ele cita a Supervia Eletrônica de Dados, que deu origem ao programa Porto Sem Papel, desenvolvido pelo Governo Federal. 

 

“Somos sempre pioneiros e estamos na vanguarda. Até por causa da dimensão do Porto de Santos. Tem a contrapartida de que é muito mais difícil implantar as coisas aqui. Em Vitória (ES), por exemplo, o VTMIS (Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações) já está muito mais adiantada, mas é um porto menor. Fica mais fácil a implementação, mas as ideias partem do Porto de Santos”, destacou o executivo. 

 

Fiscalização

 

Durante o ano passado, a Codesp testou a utilização de drones para o monitoramento do canal de navegação e até da Usina Hidrelétrica de Itatinga, que fica em Bertioga, e fornece energia para o cais santista. A ideia é que esse projeto se torne realidade ainda neste ano. 

 

Os equipamentos foram utilizados no chamado “linhão”, onde ficam os cabos que transmitem a eletricidade para o Porto. O local foi alvo de constantes assaltos, por conta da rentabilidade do cobre, material que eram produzidos os cabos. Agora, eles estão sendo trocados por fios de alumínio, que são menos atrativos. 

 

“Os testes foram um sucesso. Os drones já filmam em 4K e a imagem é precisa para fiscalização, monitoramento e segurança”, explicou o executivo.

 

Além de reduzir a utilização de papel na Docas, Poço ainda pretende digitalizar todos os documentos da Autoridade Portuária. Já para armazenar todos esses dados, a ideia é implantar um novo Data Center, com sistema de proteção contra incêndio e arrombamentos. O local servirá como uma redundância de armazenamento de dados do VTMIS. 

 

 

“Uma das principais iniciativas que eu tive como superintendente foi reduzir essa dependência externa. A gente desenvolveu um sistema internamente para o cadastramento de empresas para a coleta de resíduos sólidos. Isso diminuiu muito o papel e esse é um dos meus objetivos: praticamente deixar o porto sem tramitação de papel. Tentar ser zero, tudo eletrônico”, destacou Poço. 

 

R$ 31 mi para monitorar tráfego

 

Os cronogramas de implantação do Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações (VTMIS) do Porto de Santos foram ampliados em um ano. Agora, a operação assistida será iniciada em dezembro deste ano e será concluída em dezembro de 2018. 

 

O investimento total do projeto, que prevê o monitoramento do tráfego marítimo no canal do estuário e na Barra de Santos, é de R$ 31 milhões, utilizados para a reforma de estruturas e a aquisição e a instalação de equipamentos e estações remotas. A implantação do sistema, incluindo a elaboração de seu projeto executivo, está a cargo do consórcio Indra VTMIS Santos.

 

De acordo com o diretor de Operações Logísticas da empresa, Carlos Henrique de Oliveira Poço, hoje, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que administra o cais santista, busca firmar os convênios para a instalação dos radares em pontos estratégicos do cais santista.

 

Os quatro equipamentos já foram adquiridos pela Autoridade Portuária, ao custo de R$ 1,5 milhão, cada. Mas, antes da instalação, será preciso assinar convênios com os donos dos locais onde as torres serão instaladas. Este é o motivo do adiamento da implantação do sistema. 

 

Serão quatro pontos de monitoramento, instaladas ao redor e no interior do complexo marítimo: uma na costa de Guarujá, outra na Ponta de Itaipu (Praia Grande), a terceira nos arredores do terminal da Dow Química (na entrada do canal, em Guarujá) e a quarta na Ilha Barnabé (Área Continental de Santos).

 

Inicialmente, a Docas planejou instalar uma das torres na Ilha da Moela, que pertence à Marinha do Brasil. No entanto, o plano foi descartado porque se tornou inviável financeiramente. 

 

“Para instalar a torre você depende de nobreaks que ficam como redundância de energia e, para eles funcionarem, você depende dos geradores. Aí você imagina um gerador 24 por 7 funcionando. Você precisa de combustível e precisa de uma logística para levá-lo até lá. Era inviável manter. Dava mais de R$ 1 milhão. Através de estudos, nós cortamos isso e procuramos uma área no continente, que foi o Forte do Itaipu, que também é do Exército. Foi acordado em fazer uma minuta de contrato única”, destacou Poço.

 

Cada torre terá um radar, uma câmera de alta definição e um transponder AIS (que identifica automaticamente navios que contam com esta tecnologia) para a coleta de dados das embarcações. Assim, a central conseguirá acompanhar a posição, a velocidade e o registro dos cargueiros em tempo real. A função do radar será identificar embarcações que não emitam sinais por transponder. Logo que uma delas for localizada, a câmera apontará diretamente para esse cargueiro, aumentando a segurança do tráfego na via de navegação.

Fonte: Site A Tribuna
(Foto: Carlos Nogueira/AT)



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