Estudantes usam drones para monitorar Usina de Itatinga

Por Settaport em 14/08/2017

Utilizar Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) para aumentar a segurança do Porto de Santos é o objetivo de alunos da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Os estudantes pretendem concentrar os trabalhos na Usina Hidrelétrica de Itatinga, que fica em Bertioga, e em toda a sua linha de transmissão. 

 

 

Bruno dos Santos Carvalho, Guilherme Morello Poli e Willian Bruno Carvalho Muniz são alunos do 5º ano do curso de Engenharia Civil da universidade. Neste semestre, eles entraram na reta final da elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

 

Os estudos foram iniciados em fevereiro, logo após uma sugestão do professor Adilson Gonçalves, que é pesquisador do Núcleo de Estudos Portuários e Marítimos (Nepomt), da Unisanta.

 

O plano inicial dos alunos era utilizar os drones no monitoramento das operações portuárias. No entanto, quando saíram as primeiras diretrizes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Dcea) para o assunto, em fevereiro deste ano, eles perceberam que era necessário mudar um pouco o projeto.

 

“Não poderíamos sobrevoar terminais, porque eles são considerados área de risco por movimentar produtos inflamáveis, gases que podem explodir com qualquer faísca”, explica Bruno.

 

A partir daí e diante das notícias de que quadrilhas especializadas atuavam no roubo de cabos de cobre, que são usados na linha de transmissão de energia elétrica da Usina de Itatinga até o Porto de Santos, os alunos direcionaram o projeto para a inspeção desta área.

 

O alto valor do cobre no mercado e a mata fechada, que dificulta o acesso e o processo de fiscalização, são os dois fatores que tornam os cabos atrativos para os bandidos.

 

O primeiro desafio encontrado pelos estudantes foi a escolha da aeronave que seria a mais indicada para este tipo de operação. “Uma das coisas em que a gente esbarrou foi a autonomia das aeronaves. Há a de asa fixa e a de asa rotativa. Começamos a pesquisar a fundo esse tipo de modelo e encontramos um com autonomia de dez horas, motor de combustão, que é o de asa fixa. Ele é como se fosse um aeromodelo”, explica Guilherme.

 

Com a possibilidade de que o drone sobrevoe a área por dez horas ininterruptas, o grupo calculou que seriam necessárias três unidades para viabilizar o projeto. Duas farão o revezamento, enquanto uma ficará como reserva ou em manutenção.

 

Plano de voo

 

Após a escolha da aeronave, os alunos partiram para a definição do plano de voo que elas farão. “A legislação classificou essas aeronaves de acordo com o peso máximo de decolagem. Seria o peso da aeronave com os equipamentos, câmera, sensor. Na classe 1, estão as com mais de 150 quilos. Na classe 2 as que têm entre 25 e 150 quilos. Já na classe 3, se encontram as mais leves, abaixo de 25 quilos”, comenta Bruno.

 

Os alunos decidiram, então, escolher um modelo da classe 3, que pode voar a uma altura de até 400 metros. Mas, dentro do plano de voo, foi definida a altura máxima de 120 metros.

 

“Para ter menos restrições e obrigações com a Anac e com o Dcea, optamos por uma aeronave com menos de 25 quilos, porque o piloto não precisa ter habilitação e nem exame médico todo ano”, destaca Bruno.

 

Além do operador de voo, os estudantes apontaram a necessidade de um profissional que seja responsável pelo monitoramento das imagens captadas. A ideia é que o trabalho seja feito em regime de turno, para manter a cobertura 24 horas por dia. 

 

Eficiência

 

De acordo com o professor orientador da pesquisa, o trabalho pode contribuir, inclusive, para a melhoria da transmissão de energia elétrica no cais santista.

 

“Com os furtos, o material de cobre foi trocado por um que é menos atrativo. No entanto, ele tem eficiência menor. De repente, implantando um material desse, dá para voltar a trabalhar com um material melhor, de maiores qualidade e rendimento”.

 

Projeto entra na segunda fase e principal desafio é transmitir dados em tempo real 

 

Neste semestre, os alunos da Universidade Santa Cecília (Unisanta) entraram na segunda etapa do projeto. Para o monitoramento em tempo real das imagens coletadas pelos drones é necessário conseguir garantir a transmissão dessas informações.

 

Bruno dos Santos Carvalho, Guilherme Morello Poli e Willian Bruno Carvalho Muniz são alunos do 5º ano do curso de Engenharia Civil da universidade. Nesta pesquisa, eles são orientados pelo professor Adilson Gonçalves, que é pesquisador do Núcleo de Estudos Portuários e Marítimos (Nepomt), da Unisanta.

 

“O primeiro desafio foi definir a aeronave e o outro, a transmissão ao vivo para poder ter a vigilância por 24 horas em uma base de informações, que seria na própria Usina de Itatinga”, explica Willian.

 

O modelo operacional proposto leva em conta que a operação será realizada com a autorização dos órgãos públicos, como é o caso da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Isso tornaria mais fácil a implantação do projeto por conta das autorizações necessárias para ele.

 

Para garantir a transmissão dos dados, os estudantes pretendem instalar repetidores de sinal em seis torres. A ideia é garantir que não haja interrupções das imagens durante o sobrevoo dos drones.

 

De acordo com o projeto, a Usina de Itatinga também será o ponto de pousos e decolagens dos drones. Essa decisão foi tomada em conjunto com o diretor de Operações Logísticas da Docas, Carlos Henrique de Oliveira Poço.

 

O executivo foi uma das fontes do trabalho acadêmico. Durante o ano passado, a Autoridade Portuária testou a utilização de drones para o monitoramento do canal de navegação e até da Usina Hidrelétrica de Itatinga, que fica em Bertioga e fornece energia para o cais santista. O plano de Poço é de que o projeto se transforme em realidade ainda neste ano.

 

Os alunos já sonham alto. Eles cogitam a possibilidade de levar o trabalho acadêmico para fora da universidade. Para isso, avaliam orçamentos e estimam que o investimento necessário para adquirir um drone varie entre R$ 8,5 mil e R$ 10 mil. 

 

Fonte: A Tribuna
(Foto: Carlos Nogueira/AT)



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